Abaixo, um video do psicanalista Christian Dunker falando rapidamente sobre o conceito de Projeção em Freud, e diferenciando-o do conceito de Identificação Projetiva de Melanie Klein.
Achei interessante o vídeo porque deixa clara uma diferença nem sempre percebida, e especialmente porque me remeteu à Antonino Ferro, onde vemos uma clara valorização dos mecanismos defensivos como tentativas de solução. A rigor, em toda a psicanálise as defesas são vistas como positivas; são as melhores soluções encontradas pelo sujeito, embora, geralmente, à um alto custo. Mas nem todo autor salientou esse ponto, e isso é enfatizado por Antonino, que nos lembra que na identificação projetiva, após a projeção, pode haver uma nova tentativa de “identificação” – como se o psiquismo buscasse re-introjetar o projetado.
Para mim, é fascinante pensar que podemos utilizar nossa percepção da realidade como “auxiliar” no manejo de moções e desejos – conteúdos, digamos, difíceis de engolir; como se a maquinaria subjetiva se apoiasse no funcionamento fisiológico (mais antigo e mais consolidado) para realizar algo que, sozinha, não consegue levar adiante.
Esse tipo de questão trás à tona enormes discussões da filosofia sobre nossa relação com a realidade, e sobre o papel que nossa subjetividade joga nisso, assim como permite caracterizar o ser humano como um ser onde a imaginação ganha maior espaço. Dito de outro modo, o que nos diferenciaria dos animais seria nosso afastamento da realidade “em si”, e nossa imersão (ou mescla) nesse mundo meio inventado / meio percebido da realidade.
O que me leva a pensar que seria bem possível que nossa consciência tenha exatamente esse papel: ela não estaria aí para nos ajudar a perceber o real, mas, antes, para mesclar esse real com o nosso mundo interno, nosso mundo imaginado. Nossas memórias e nossa história, auxiliares na percepção pura do real, ganhariam um espaço a mais, uma “sala privada”, aonde poderiam ressoar com um pouco de liberdade diante das demandas do real.
Enfim, vamos ao vídeo: