Essa música – esse grupo – tem grandes sacadas. Sempre na minha interpretação, ela toca num tema fundamental, o amor : afinal, ele é movido pela falta?
Um dos grandes passos adiante da psicanálise foi ter pegado a vida amorosa como MODELO dos relacionamentos da vida como um todo. Mas em algumas leituras dela, o amor é entendido como um jogo de soma zero, por assim dizer. Quem ama, o faz por estar ‘vazio’; e amar seria uma das formas de se sentir preenchido. Mas, então, ao amar nos subsumimos ao outro, nos misturamos ao outro, deixamos de existir. Saímos de um vazio e chegamos num zero.
Existem amores que são assim, é claro. Mas existem amores – e leituras – alternativas. Na filosofia, Nietzsche foi um crítico ferrenho dessa ‘metafísica do vazio’. Winnicott também construiu uma teoria que não pode ser dita de ‘soma zero’ (aqui, um exemplo). O próprio Freud pode ser lido assim (como comentei nesse post). Mas hoje eu quero falar é da música.
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Há toda uma malícia nesse ‘jogo’. O sexo está em questão, é claro, mas, muito mais do que isso, acho que se trata aí de uma metáfora de toda relação mesmo: entrar em relação com o outro É sexual, como diz a psicanálise, mas o sexual…
…O sexual seria outra coisa. Não um jogo de ganhos ou perdas, nem mesmo um jogo que se entra pra ganhar / perder, mas um jogo que ‘é bom de se jogar‘, ou seja, de permanecer nele, um jogo onde “dois” se tornam “um”, um jogo que idealmente talvez sempre pare no empate: “um a um”…
Acho belíssima a simplicidade genial deles ao dizer: “me ensina a fazer …. canção com você…”. Amar é ser um com o outro. Mas não é que nós nos percamos nele, ou ele em nós: é um a um…
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Aqui, minha versão dessa música (clique para tocar):
https://drive.google.com/open?id=1VZ7XpZdXBCDUSiYo1qFiq-LcliyRqyYU
eu(em)torno 