Gosto de domingo pela manhã. Tudo está calmo, silencioso. Não é que a vida tenha parado – mas ela soa diferente. Outra música toca. Uma música ampla, como olhar o mar ou o horizonte. Um questionamento.
Quando abrimos espaço para ouvir o silêncio da vida, é sua música que ouvimos. Difícil não pensar no humano primitivo, escutando o vento. Escutando as questões que o silêncio nos trás.
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Imagino o vento espalhando sementes – que, para nós, são pensamentos. Eles brotam em nossa consciência, como plantas. E, como plantas, às vezes encontram espaço e terreno fértil, às vezes não.
Esse poderia ser um questionamento do vento: somos um terreno fértil para aquilo que a vida planta em nós?
Escutar o vento passa por aí; passa por ressoar nosso ser com a música da vida, o silêncio. Suas questões são nossas questões.
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Gosto de domingos. Parece que, nesse dia, até Deus descansou.
Seria parcial dizer que não paramos para não ouvir as questões da vida. Mas também seria parcial não dizê-lo.
Gosto de domingos. É quando paro; ouço; olho o horizonte. E deixo sementes do tempo chegar até mim –