Ringue teórico

As particularidades da minha história e formação fizeram com que eu me aprofundasse em pelo menos 5 linhas teóricas. Todas próximas, “pero no mucho”. São elas: Esquizoanálise, Psicanálise freudiana, psicanálise lacaniana, psicanálise winnicottiana e, por último, psicologia analítica (Jung).

Dizer que “me aprofundei” talvez seja demais; na verdade, eu busquei compreender o funcionamento da clínica a partir de cada uma dessas vertentes. Busquei, também, compreender aspectos meus, próprios, em cada momento dessas derivas teóricas.

O resultado disso é que construí uma clínica mista, misturada, com elementos de cada uma dessas correntes – e as vezes ainda mais.

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À parte aquilo que pertence à minha personalidade, acho que a situação da psicologia, em nossos dias, explica um pouco dessa situação. Não temos, ainda, muitos consensos teóricos; o que existem, são leituras, diversas tentativas de explicação, junto com práticas que, essas sim, se aproximam.

Mas, na medida em que o aspecto teórico conta pra alguma coisa – e eu penso que conta – é interessante que busquemos esses consensos. O que mais se vê, no entanto, quando se busca esses consensos, é má vontade e desconfiança. Pior ainda: desconhecimento.

Sim: o que mais se vê são grupos criticando outros grupos sem ao menos conhecê-los direito. Claro que, um pouco disso é salutar, e faz parte da própria liberdade inerente ao método científico. Mas em ciência, mesmo para discordar – ou sobretudo para discordar! – é preciso conhecer o outro. E o que se vê não é exatamente isso.

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Em suma, a maneira com que compreendo – ou não compreendo! – o outro diz muito sobre mim. Mas essa é a norma nos meios “psi”, por paradoxal que seja: compreender mal o colega. Obviamente, nem tudo se resume a isso: não são todos que se interessam pelas teorias dos outros, e está tudo bem. Mas, para aqueles que se interessam, falta esse ‘meio de campo’.

Daí a ideia desse quadro, aqui no blog: tentar fazer alguma ponte, alguma aproximação, entre teorias ou leituras de teorias diferentes. Não tanto para extrair “a” verdade, ou “a” teoria vencedora, mas muito mais para tornar explícitos alguns pontos cegos, os mais comuns, e talvez facilitar que essa troca e esse convívio entre teorias aconteça de forma mais rica.

Não pretendo ser o “juiz” ou “árbitro”, aqui, mas é verdade que sustento uma certa “loucura”, suficiente para manter o interesse por leituras tão diversas e ainda pretender tirar algo coeso disso. Bom, que fique claro: o que escrevo aqui é apenas a minha visão, o meu ponto de vista.

De resto, minha ideia é muito mais praticar a saudável arte do diálogo, o confronto com o diferente. Nesse processo, é bem possível que eu aprenda muita coisa. Se você se interessou, venha junto, comente, deixe sua opinião. Quem sabe, nesse exercício de nos expressarmos, não acabamos descobrindo quão próximos estamos, afinal, uns dos outros?

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