Muitas coisas tem valor para nós, mas não podem ser vendidas. Seja porque sua produção é escassa – como o mel das abelhas Jataí – seja porque o retorno dado não compensa, etc.
O fato é que nem tudo se encaixa na categoria de “vendável”.
Chamo essas coisas de o “anti-capital”.
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Alguém que ocupe uma pequena área de terra, pode produzir o suficiente para si, mas não o suficiente para a venda. Isso faz essa terra “improdutiva”? Só do ponto de vista do capital.
A terra é um “meio de produção”, no sentido marxista, que permite àquelas que a ocupam uma grande medida de liberdade – sem exclusão daquilo que o capital nos trouxe. Ela apenas nos dá uma medida concreta de escolha: podemos escolher aquilo que NÃO queremos vender.
Assim, o pão caseiro que faço e que gosto, não serve para a venda – daria muito trabalho e pouco retorno. Mas, feito para mim e para a família, ele serve.
Da mesma forma, o mel que colho, uma vez por ano, não é suficiente para virar “negócio”. Mas é suficiente para minhas necessidades.
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Cada produto “não-vendável” é, ao mesmo tempo, uma necessidade suprida com liberdade. Pois a venda, se nos dá retorno, também nos prende num máquina de produção.
Como calcular a liberdade que precisamos abdicar para sustentar um negócios desses? Para nos encaixar na categoria do “vendável”?
Esse conselho eu daria, pra quem busca liberdade: ache um pedaço de terra, e se instale. Aprenda a produzir o “anti-capital”. Tenha capital também, se possível, mas não apenas isso.
E veja sua liberdade crescer –
não há muitas liberdades para quem quer ou precisa trabalhar para vender.
A nossa remuneração não serve para nada a não ser para barganhar o valor de outras pessoas, ou melhor, o valor de seu tempo., Que é tranformado em serviço prestado a nós.
Claro que não pensamos assim enquanto estamos imersos no problema de ganhar dinheiro. O dinheiro significa poder e liberdade, sobrevivência neste mundo. Manterse no mundo social requer fonte permanente de dinheiro. Permanente é exagero.
Ocorre que de tantas coisas inestimáveis, o nosso tempo é a mais delas. E mesmo assim é a primeira coisa que o mercado, isto é, as pessoas que querem comprar e vender, precificam.
querer dinheiro em geral implica vender a si mesmo. mesmo que seja em prol da própria liberdade. Como quem compra sua alforria.
Porque é querer coisas que os outros valorizam.
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Existem alternativas, mas, como você bem percebe, elas estão atreladas à “modos de vida” que não são bem vistos, nem propagandeados por aí. Paradoxalmente, “ser mais livre” não parece ser algo que as pessoas valorizam, a ponto de estarem dispostas a pagar os preços implicados nisso (como viver uma vida mais simples, menos atrelada à venda do próprio tempo, etc).
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tem muita coisa sobre no canal do youtube green renaissance. depoimentos de pessoas que fazem esta escolha a que te referes. acho muito bonito.
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