Psicoecologia

Todos ouvimos falar de ecologia, mas pouco se fala das ligações disso com nossa psique. De fato, basta um passo para entender que o cuidado com a natureza se aplica também àquilo que somos. Esse passo é entender que nós, nossos sentimentos e nosso corpo, também somos “natureza”.

Pense um pouco em como você está tratando essa sua ‘natureza’: você respeita os ritmos do seu corpo? Você escuta o que ele precisa, o que ele rejeita? Aquilo que ele diz, através de mil e um sinais, é parte do que informa suas decisões? Quando nos faltam argumentos racionais, é possível que você assuma uma decisão apenas apoiado no corpo?

A maioria das pessoas responderá com “não” a essas perguntas – fosse outro o caso, não estaríamos em tão grandes dificuldades em relação à ecologia. Aquilo que fazemos conosco espelha aquilo que fazemos com os outros.

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Agora pense nas queimadas, pense nos animais queimando em seus habitats, ou então tendo que fugir, escondendo-se em espaços cada vez menores – até chegar às cidades, onde encontram literalmente uma antítese à tudo o que necessitam. Você vê, isso, sendo feito com o animal em você? Com seus impulsos, seus desejos, sua sabedoria corporal?

Uma floresta sendo queimada “para nosso uso” é um paradoxo bestial, porque nós precisamos mais do que tudo do oxigênio que justamente essas árvores nos dão. Você está matando algo, em você, que é alicerce de sua vida, sua saúde?

A poluição das águas equivale a um ataque à própria fonte da vida, como se buscássemos fazer aquilo de pior que podemos imaginar contra tudo o que cresce. Quais fontes internas estão sendo secas nesse instante? Quantos rios deixaram de correr e alimentar tudo o que cresce em nosso território interno – até nos tornarmos… desertos?

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A psicoecologia significa tomarmos ciência de que nós somos um corpo – nós somos parte da natureza, e, como tal, deveríamos ter uma relação inteiramente outra conosco. A cultura, enquanto tal, não é necessariamente algo oposto ao natural. Essa é apenas a noção que descreve a nossa cultura – uma cultura errada, essencialmente.

Mas uma outra cultura é possível – bastaria que nós nos cuidássemos… nos amássemos… fôssemos mais felizes. Mas nossa felicidade foi pervertida, e já não sabemos como buscá-la, sem maltratar alguém antes.

Nós estamos doentes. Como animais crescendo num meio anti-natural, nós estamos doentes. Como escravos, nascemos num meio que distorce nossa percepção da realidade. Para todo lado que olhamos, nós só vemos grilhões. E não sabemos mais onde fica nossa liberdade.

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Nós estamos doentes. Mas o corpo sabe de uma nova saúde. Nós só precisamos ouvi-lo –

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